
O final autenticamente apocalíptico do concerto dos Massive Attack, anteontem à noite, é algo que perdurará na memória dos que encheram, sem lotar, o Coliseu do Porto. Uma viagem pelo universo da banda de Bristol com a compilação «Collected» a servir de ponto de partida.
Toda a carga emotiva das músicas dos Massive Attack e a intensidade com que é transmitida ao público teve em «Group Four» um final instrumental apoteótico, que fechou com a bandeira italiana (campeã do Mundo de futebol) desenhada no quadro luminoso que serviu de cenário ao espectáculo. Mesmo assim, a hora e meia de concerto acabou por deixar uma sensação de efémero nos espíritos presentes na plateia.
Foi com o novo «False Flags» que abriram a actuação, uma viagem pelo universo do colectivo de Bristol, que no Porto cumpriu mais uma etapa da digressão de «Collected», a compilação editada em Março e que, além daquele tema, integra o original «Live with Me».
Antes do concerto, Daddy G (Grant Marshall) disse ao JANEIRO que «Collected Tour» era bastante diferente da de «100th Window», o álbum anterior e que data de 2003.
“Esses concertos eram demasiado carregados de informação, o público nem olhava para a banda”, sustentou o músico.
E, de facto, quem assistiu em Lisboa a um dos três concertos de 2003 no Coliseu e viu a prestação de anteontem reparou que a preocupação político-social persiste e está presente, mas a sua comunicação em concerto é muito mais suave.
Dos 14 temas tocados, metade saiu do brilhante «Mezzanine», garantia de «per si» de um bom concerto. «Risingson» sucedeu a «False Flags» já com Daddy G a ombrear em palco com Robert Del Naja (3D), que teve as honras de abrir o espectáculo. Secundados por uma banda de cinco músicos – duas baterias, teclas, baixo e guitarra –, os Massive Attack desfiaram parte da sua história, com a preciosa colaboração vocal de Elisabeth Fraser, dos saudosos Cocteau Twins, o indispensável Horace Andy e ainda de Deborah Miller.
«Black Milk», «Karmacoma», «Butterfly Caught», «Hymn of the Big Wheel» e «Mezzanine» puseram as emoções em riste, numa sala que destilava com o calor e divagava por entre fluidos sonoros.
«Teardrop», na maviosa voz de Liz Fraser, adoçou então o ambiente, para depois Horace Andy e Deborah Miller agitarem a coisa. Do «100th Window» saiu ainda «Future Proof» e do segundo álbum mais tocado no Coliseu, «Blue Lines», um inebriante «Safe from harm». Terminava assim a primeira fase do concerto, que teve na abertura do «encore» «Inertia Creeps», a que se seguiu «Unfinished Simpathy». A fechar uma noite plena de sensações extraordinárias, um brutal «Group Four» como «grand final».
in Primeiro de Janeiro
A edição de sábado dia 15 de Julho do Rock Viciado vai ser dedicada aos Massive Attack.
1 comentário:
é pá, aquilo da bandeira italiana foi uma provocação!!!
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